quarta-feira, 18 de abril de 2012

[...chuva]




















(1)



[...] e a chuva cai, pra apagar nossa secura, pra molhar nossos olhos distantes, pra deixar nosso pesar mais leve .
[...] por entre o frescor da noite que quase não me cabe, vem chuva, alargar os córregos, despertar caudaloso pranto incontido .
[...] o presente dói e me espreita, molhado por tuas gotas incansáveis e do quarto ouço um soluço que agora sei/sai, solto no vácuo, ao encontro de ti .
[...] luz e eco desencontrados no triste lamaçal de tua esperança, cansada de perder e ser empurrada diuturnamente aos precipícios .
. descalça, encontro a noite já em tuas luas, a desfazer antigos nós .
Itinerante e mais, por bem pouco, errante [...]

chega estação despetalada, imprecisa entre sonatas azuis, mal quista

reitero nossos contornos apenas esboçados entre nossas pegadas

noite, encanto de algum passado que me absorve inteira e vem ter comigo, de mãos postas à face

rasgo um silêncio de angústia e na esquina vejo teu lirismo estacionado

não.sei.se.sei.mais entrever teus feitiços

e acabo em mim um quê de intenso, um ai raivoso, um tique cansado

obsoleta e de frágil vilania, aperto a sombra sob um arco de sono


. reinações de meu nariz, nem tanto impertinente quanto a arqueologia que espia

. pálida calma que me espanta, vem, acena à noite, estende os braços ao redor dessa distância

aceito sim e não, desde que bem resolvidos, desprovidos de transcendência

. faço um ponto mas sou da interseção e reticência .


18.04.2012


Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva

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(1) http://29.media.tumblr.com/tumblr_lxbw07bMfX1qdopmvo1_1280.jpg

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